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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ESTRANHO ADEUS COM RETORNO BREVE


Todos os pecados estão lá fora,
No jardim...
Querendo comprar novas cobaias
Para entrarem pelo buraco
Do nariz.

Eles estão lá fora,
Pisoteando o chão com força
Pra convocarem uma chuva que alague
Todas as idéias sadias que irão
Brotar no cérebro.

Eles abriram portas nas cabeças alheias
Pra depositarem vários litros
De enganação entre os neurônios confusos,
Que se afogam e pedem socorro.


Olho pela janela da minha casa
E vejo uma figura sombria segurando um bastão
Nas mãos...
Olhando pra mim por cima do muro
Que separa um quintal do outro,
Revelando seu olhar viciado e de desejo.

Ele salta o muro e vem até a janela.
Lambe o vidro com delicadeza,
Depois, salta em cima do telhado.
Ouço os seus passos em cima do telhado
Como uma metralhadora demente.
Ele arrebenta o teto e fica em pé, no centro
Da minha sala, me encara e diz: “Eu sou o terror”

Todos os pecados estão lá fora,
No jardim...
Não consigo escapar da falta de luz.
Minhas lágrimas lavam os buracos do chão:
“Eu sou o nada”, respondo.

Enquanto garras destrincham minha pele,
Minha carne, minhas neuroses, meus músculos,
Deito a cabeça no ombro do matador
E não sinto ódio.
Sinto o silêncio em meio ao som
De cortes e mastigações.
Deixo minha alma saltar de dentro do corpo,
Voando sem velocidade certa,
Olhando o corpo ser devorado pedaço a pedaço
E pensando: “Isso não é nada... Não é nada não...”